terça-feira, março 11

Paulo Bento: passado, presente e futuro

Muita água passou debaixo da ponte desde que Paulo Bento assumiu o comando técnico do Sporting. Corria o mês de Outubro de um Outono que estraçalhou a reputação de José Peseiro e Dias da Cunha quando, vindo dos juniores de Alvalade, Bento abraçou um projecto que era seu por convicção, e de outros por falta de recursos.
A aposta num técnico inexperiente fez sentido a muita gente porque, à sua semelhança, tambem os jogadores que recheariam o projecto não passavam de projectos, esboços de craques, olhados à luz dos já então consagrados Ronaldos, simões, Quaresmas, Vianas, Futres e Figos.
Correram bem os primeiros tempos de Paulo Bento no Sporting. Com um baixar de expectativas tão tipica de uma massa associativa bipolar, e que sucedeu a uma final da Taça UEFA tida como uma vergonha para um clube com uma história tão parca em bons desempenhos europeus, a nau foi sendo levada com resultados medianos mas, estranhamente, sempre com a boa graça dos adeptos e comentadores.
Talvez hoje já seja possível, com exactidão e simplicidade, e com total atenção dos interessados, explicar o que terá falhado, ao menos aos olhos de um analista conjuntural.
Normalmente considero 3 fases conjunturais tipicas:
a) de expansão e crescimento, normalmente associada a fases sustentação e estruturação da fase seguinte;
b) de realização, propicias a vitórias e ao atingir de objectivos traçados;
c) de críse, associada a obstáculos e à necessidade de encetar um trabalho de aperfeiçoamento à fase a) ou, então, à obrigatoriedade, dada a falência da mesma, de fazer ruír a estrutura construída durante a fase a).
Um dos sinais de alarme, ou que o deveria ter sido, foi o do 2ºlugar alcançado a época passada, e visto por muitos como o anunciar de uma nova era de vitórias sportinguistas.
talvez assim fosse, se estivessemos a viver a fase conjuntural a). O erro foi o de considerar que não estávamos já a viver os melhores tempos do projecto que nasceu da humilhação a Peseiro e do escorraçar de Dias da Cunha.
O futuro de Paulo Bento à frente da equipa do Sporting está agora em aberto. Da minha parte, e se uma opinião me é permitida, sou tão a favor de não o despedir hoje como fui de não o contratar então.
Paulo Bento completa esta época a fase de estágio do seu tirocinio como treinador profissional de futebol. Fê-lo num dos melhores clubes da Europa a formar. Teve condições de trabalho, algum material humano e tempo para fazer as suas experiências e cometer as suas borradas. A sua fase c) está no fim e é agora que o queremos ver pelas costas.
Sou da opinião, eu que me engano muito e raramente tenho certezas, que Paulo Bento tem matéria conjuntural para crescer nas próximas épocas. Nomeadamente já na próxima, e com a paciência que não mereceu no passado e lhe negam agora, ele é, agora que deixou de ser um estagiário, um treinador válido para fazer florescer um novo projecto, este capaz de evitar erros de palmatória cometidos no passado, sobretudo na preparação da temporada 2007/08, um dos quais foi crer que um cataclismo competitivo não sucederia se se formasse um plantel praticamente só com juniores e sub-21s.
Resta saber o que pensa a multidão, pois os que lhe deram palmadinhas nas costas enquanto cometia os tais erros de palmatória são os que agora quererão escorraçá-lo. Como fizeram com Peseiro, agora santificado pelo trabalho que vai mostrando na Grécia.
A escolha de um treinador passa, para alem da sua competência, definida pela qualidade estrutural, por saber em que fase do ciclo conjuntural se encontra. Se este é o fim de ciclo, precisamos de um A. Bento é, a partir da próxima época, o A ao nosso dispôr. Ou ao dispôr de um clube rival...

2 Comments:

Blogger Andrés Romero said...

Hace bien el Sporting en dar continuidad Paulo Bento. Eso sí, el equipo debe crecer.


Un abrazo, amigo.

2:55 da tarde  
Blogger Túlio said...

Não poderia concordar mais contigo caro galvão.
Embora muito me custe esta tristesa que sinto pelos resultados das ultimas temporadas, penso que é preciso dar-lhe margem para trabalhar pois o homem faz-se.
Penso que o probema será mais a nível de um dirigismo "pseudo profissional", de gestores que de números até podem ser bons, mas de bola nada sabem.Esta aposta em "gente" da casa que sabe o que é um balneário, como o nosso saudoso Pedro Barbosa, Paulo Bento e agora também se fala de uma abertura para Sá Pinto, penso que trará ao dirigismo do Sporting um maior conhecimento do fenómeno futebolístico.
Um abraço

7:55 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home