A troca
"If I had been (coach) Jose Mourinho I would never have done it. Any club lucky enough to have William should never allow him to leave."
Raymond Domenech
Esta é uma estória de enganos, mal entendidos e sorte. Para alguns.
Quando, há cerca de 12 meses atrás, Peter Kenyon se recusou a prolongar o contrato de William Gallas, e a aumentar o salário do defesa Francês, longe estariamos de imaginar que a semente de um processo de ruptura havia germinado. Mourinho, treinador visionário e precavido, não ajudou o seu atleta a conseguir o objectivo de dar alguma estabilidade ao seu futuro em Londres, e uma época de grande qualidade (mais uma) inflacionou o preço a pagar. Quando o Chelsea quis pagar o preço o atleta já tinha a cabeça feita para deixar os Blues.
Mourinho bem sabia do valor de Gallas e do seu peso no seio da equipa, e nem a bem nem a mal o queria deixar saír, muito menos para um rival. Pelo meio, surge o interesse antigo em Ashley Cole, defesa esquerdo do Arsennal, e Kenyon foi pragmático. De uma cajadada resolveu dois problemas. Mourinho amuou...
A 15 de Outubro 2005 publicámos aqui uma previsão para a carreira de William Gallas. Nela não está qualquer referência a uma saída do Chelsea, mas para o que agora nos interessa, este parágrafo faz bem as vezes:
"Trata-se de um jogador com uma conjuntura global positiva, para a temporada 2005/06, começando bem a temporada 2006/07 mas, a partir de Janeiro 2007, inicia uma curva descendente acentuada na sua carreira."
Sob a forma de potencial para problemas fisicos e para derrotas pessoais, e em termos puramente astrológicos, a carreira de Gallas prepara-se para entrar num impasse bem maior do que aquele que viveu nos ultimos meses de Chelsea.
A troca do internacional Francês pelo internaional Inglês, ainda que sem a benção de Mister "visionário" Mourinho, pode muito bem vir a tornar-se no grande cartão de visita de Peter Kenyon, porque Cole está bem e recomenda-se, com a gânfia de vitórias tão do agrado do técnico Português. Em suma, Cole "has what it takes" para inserir sem problemas a sua conjuntura planetária na conjuntura de uma equipa vencedora e dominadora.
Sem querer Mourinho volta a ganhar, duplamente, com a decisão de libertar Gallas para cooptar Ashley Cole. Sem querer (expulsão do Alemão e suspensão por 3 jogos), Mourinho tem a oportunidade galáctica de encostar Ballack e empurrar Robben para dentro de campo. Sem querer os vencedores continuam a ganhar e o outros a definhar.
É isto o destino?
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