sexta-feira, março 25

A hora de Meira

Ha jogadores a quem se pode aplicar o rótulo de low-profilers. São aqueles que nunca protestam quando são suplentes, e que não se metem em bicos de pés nas vitórias. Jogadores de equipa a quem não se atribui grande importância porque parece que eles próprios não se atribuem grande importância a si mesmos, numa espécie de crise infinita de auto-confiança que ferve em banho maria.

Quem olha com atenção, e entende minimamente de futebol, consegue descobrir-lhes qualidades relevantes e únicas, mas o festim acaba aí porque falta o glamour. O glamour que os impede, invariavelmente, de integrar grandes equipas e de vender muitas camisolas.

Ao cabo de alguns anos de estrelato discreto Fernando Meira é daqueles jogadores a quem ninguem liga grande coisa. Está "marcado" como um suplente fiável para a seleção nacional quando faltam os titulares-titulares e/ou os titulares dos suplentes. O melhor exemplo desta irrelevância, na minha actividade, reside em que o seu mapa astrológico nem sequer fazia parte da minha base de dados. Para um futebolista Português internacional, e em actividade, trata-se de uma verdadeira raridade...

Foi, por isso, com satisfação que pude constatar a curva ascendente em que se encontra e onde permanecerá durante bastante tempo. Os belissimos aspectos astrológicos ao seu dispôr estendem-lhe, numa passadeira vermelha, o caminho para o estrelato assumido e o reconhecimento merecido e a merecer.

Há quem faça da vida uma prova de 100 metros, e outros há que correm devagar mas sem nunca parar, durante anos, sem esmorecer ou protestar contra o que a vida lhes deve. Porque o momento de colher frutos, sabem-no eles melhor que ninguem, não pode, nem deve, ser antecipado ou precipitado. Pudessemos todos compartilhar, um bocadinho só, desta capacidade de Meira...