Verdinha
Eu sei que não se deve andar por aí a plagiar outros blogs, mas não resisto a "pastar" um excerto do excelente http://acausafoimodificada.blogspot.com/. Leiam e chorem por mais.
“Lisboa practica a espécie mais horrível de escarro, o escarro anatómico. Que começa por um aclarar da garganta, um expectorar, um acumular nas partes superiores da cavidade nasal, após o que se desencadeia o trabalho propriamente dito, que baixa às profundezas, como que um labor mineiro, uma cuidadosa, circunspecta dragagem, bombagem, sucção da descarga a partir de todas as esquinas do palato, da faringe, da cavidade nasal posterior, de toda a casta de cavernas acessórias do nariz. Conforme o ponto de aplicação, assim a tarefa é acompanhada de um crocitar, um estertorar, um esganar. Por fim, tudo aquilo termina em explosões, na expulsão do património tão esforçadamente acumulado. Há que ter cautela quando ocorre a descarga propriamente dita. O disparo pode borrifar-nos a cara ou apontar aos nossos pés. Tudo aquilo é de horror, mas, conforme disse, práctica comum.”
Alfred Doblin, "Viagem ao Destino", Edições ASA.
“Lisboa practica a espécie mais horrível de escarro, o escarro anatómico. Que começa por um aclarar da garganta, um expectorar, um acumular nas partes superiores da cavidade nasal, após o que se desencadeia o trabalho propriamente dito, que baixa às profundezas, como que um labor mineiro, uma cuidadosa, circunspecta dragagem, bombagem, sucção da descarga a partir de todas as esquinas do palato, da faringe, da cavidade nasal posterior, de toda a casta de cavernas acessórias do nariz. Conforme o ponto de aplicação, assim a tarefa é acompanhada de um crocitar, um estertorar, um esganar. Por fim, tudo aquilo termina em explosões, na expulsão do património tão esforçadamente acumulado. Há que ter cautela quando ocorre a descarga propriamente dita. O disparo pode borrifar-nos a cara ou apontar aos nossos pés. Tudo aquilo é de horror, mas, conforme disse, práctica comum.”
Alfred Doblin, "Viagem ao Destino", Edições ASA.
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