“Diário de um Astrólogo”
O jogo terminara. Lá fora as buzinas espalhavam alegria e emoção. O rico e poderoso inimigo secular havia caído aos nossos pés. O orgulho nacional erguia-se do alto da alma lusitana. E contudo não podia deixar de lutar entre dois sentimentos antagónicos: alegria esfusiante e decepção confusa.
A previsão falhara. Rotunda e inapelavelmente. Não era a primeira vez que tal acontecia. Muito longe disso. Mas desta vez não percebia o que se tinha passado. “Onde é que eu errei?”. Entrincheirado entre a análise racional e fria e o envolvimento emocional profundo que a pleita me provocara, decidi deixar para os dias seguintes qualquer tipo de conclusão para tamanho cataclismo astrológico. Vários anos disto ensinaram-me a não agir sob pressão, a maior inimiga de qualquer tentativa de prever o que quer que seja.
O Europeu até estava a correr bem: a derrota com os Gregos e até a queda em desgraça de Paulo Ferreira faziam parte do cardápio, e a vitória frente aos Russos não passou de mera formalidade. Mas aquele golo de Nuno Gomes deitou por terra horas incontáveis de trabalho. Agora teria de começar tudo de novo. Reformular conceitos, descobrir novas prioridades astrais de modo a desenrolar tão atado novelo.
O resto do Euro não correu mal. Mas a confiança ficou abalada. E quando tal acontece só há uma saída: trabalho. Assim foi. Assim é. A vida de um Astrólogo.
O tratamento astrològico à equipa Portuguesa começara alguns meses antes. As notícias eram boas, e as hipóteses de chegarmos às meias-finais ou final pareciam de peso. A vitória estava longe, pois a final não deixava antever grandes motivos para festejos. Esta era uma análise holística, global por oposição à análise jogo a jogo onde a quantidade de aspectos e considerações astrológicas se multiplica várias vezes e a hipótese de erro se multiplica proporcionalmente. Não significa que tal não seja possível. Mas é da minha experiência que o grau de dificuldade aumenta consideravelmente e a margem de erro é curtissima. Ainda mais que o normal. Como se viu...
Acordo tarde no dia seguinte. A ressaca dos festejos e o incómodo de não perceber o que se havia passado haviam deixado marcas. Tomo banho à pressa e deixo a barba por fazer. Com o laptop debaixo do braço arranco para a estação de serviço, onde iniciarei o rescaldo da catástrofe. Ligo o software astrológico, e comparo os dados astrologicos estatisticos que tinha organizado para o jogo e que me tinham servido de base de trabalho. Alguma coisa falhara (you bet Sherlock), mas não a base estatística e consequente análise. Era a estrutura de estudo para previsão jogo a jogo que não mais podia manter-se como até ali. Impunha-se, pois, uma restruturação. Mais uma. E o resto do Euro iria servir de base de teste a este emergente novo alinhamento de prioridades de análise astrológica.
Esta estória não é nova. É um remake 1000 vezes visto e atravessado por mim. E, acredito eu, por qualquer Astrólogo que se dedique a tentar prever o que quer que seja. Vocês não saberão, mas digo-vos eu, que é um trabalho de alta complexidade. Não se trata propriamente da Astrologia que transforma o método astrologico numa simples divisão de 12 signos e que por aí se fica. É complexo. Desgastante. Desesperante. E tira o sono. Mas atenção! É inteligível, e não existe qualquer complexo de Deus ou de Jesus Cristo por detrás disto. Pelo menos neste Astrólogo. Que até se engana muitas vezes. Palavra de honra!
A previsão falhara. Rotunda e inapelavelmente. Não era a primeira vez que tal acontecia. Muito longe disso. Mas desta vez não percebia o que se tinha passado. “Onde é que eu errei?”. Entrincheirado entre a análise racional e fria e o envolvimento emocional profundo que a pleita me provocara, decidi deixar para os dias seguintes qualquer tipo de conclusão para tamanho cataclismo astrológico. Vários anos disto ensinaram-me a não agir sob pressão, a maior inimiga de qualquer tentativa de prever o que quer que seja.
O Europeu até estava a correr bem: a derrota com os Gregos e até a queda em desgraça de Paulo Ferreira faziam parte do cardápio, e a vitória frente aos Russos não passou de mera formalidade. Mas aquele golo de Nuno Gomes deitou por terra horas incontáveis de trabalho. Agora teria de começar tudo de novo. Reformular conceitos, descobrir novas prioridades astrais de modo a desenrolar tão atado novelo.
O resto do Euro não correu mal. Mas a confiança ficou abalada. E quando tal acontece só há uma saída: trabalho. Assim foi. Assim é. A vida de um Astrólogo.
O tratamento astrològico à equipa Portuguesa começara alguns meses antes. As notícias eram boas, e as hipóteses de chegarmos às meias-finais ou final pareciam de peso. A vitória estava longe, pois a final não deixava antever grandes motivos para festejos. Esta era uma análise holística, global por oposição à análise jogo a jogo onde a quantidade de aspectos e considerações astrológicas se multiplica várias vezes e a hipótese de erro se multiplica proporcionalmente. Não significa que tal não seja possível. Mas é da minha experiência que o grau de dificuldade aumenta consideravelmente e a margem de erro é curtissima. Ainda mais que o normal. Como se viu...
Acordo tarde no dia seguinte. A ressaca dos festejos e o incómodo de não perceber o que se havia passado haviam deixado marcas. Tomo banho à pressa e deixo a barba por fazer. Com o laptop debaixo do braço arranco para a estação de serviço, onde iniciarei o rescaldo da catástrofe. Ligo o software astrológico, e comparo os dados astrologicos estatisticos que tinha organizado para o jogo e que me tinham servido de base de trabalho. Alguma coisa falhara (you bet Sherlock), mas não a base estatística e consequente análise. Era a estrutura de estudo para previsão jogo a jogo que não mais podia manter-se como até ali. Impunha-se, pois, uma restruturação. Mais uma. E o resto do Euro iria servir de base de teste a este emergente novo alinhamento de prioridades de análise astrológica.
Esta estória não é nova. É um remake 1000 vezes visto e atravessado por mim. E, acredito eu, por qualquer Astrólogo que se dedique a tentar prever o que quer que seja. Vocês não saberão, mas digo-vos eu, que é um trabalho de alta complexidade. Não se trata propriamente da Astrologia que transforma o método astrologico numa simples divisão de 12 signos e que por aí se fica. É complexo. Desgastante. Desesperante. E tira o sono. Mas atenção! É inteligível, e não existe qualquer complexo de Deus ou de Jesus Cristo por detrás disto. Pelo menos neste Astrólogo. Que até se engana muitas vezes. Palavra de honra!
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