terça-feira, outubro 11

As good as it gets

São 6 da manhã, e começa o meu dia. Dois croissants mistos e leite com chocolate. Em casa, que a vida está cara. Ás 7, Laptop na mochila, e esta ás costas, e com o chaço vou para a estação de serviço. Confiro previsões já efectuadas, mas ainda por publicar, e recomeço análises. A senhora da limpeza já me conhece. É Brasileira, 45 anos, mais coisa menos coisa. Nunca me olha de frente e nunca sorri. Mas sabe que lido com “bruxarias”, e não parece gostar muito da ideia.

Phones na cabeça, e Mr. Brightside a rasgar. Hoje preciso de algo assim, motivador, que os obstáculos são muitos. Todos os dias só nos basta o impossivel, que fazer o melhor que se pode não chega para levantarmos vôo. Passa um casal por trás de mim. Olham o monitor, intrigados, mas não dizem nada. Nunca ninguem diz nada. Há quem pense em fazê-lo, vê-se nos olhos de alguns, angustiados, perdidos, ensonados, derrotados, curiosos, jocosos, incrédulos, indiferentemente indiferentes. Dava mesmo jeito uma consulta astrológica ao pequeno-almoço, pensarão, mas se calhar é má ideia.

Revejo algumas análises já publicadas, e confiro a fundamentação astrológica. Não fico totalmente satisfeito com a produção, mas tenho que me obrigar a escrever, a comprometer-me. Se não publicar nada antes de atingir a perfeição, o tempo das previsões vai passar sem que tenha publicado o que quer que seja. E ainda falta muita coisa. Espero que o trânsito diminua de intensidade na A5 para me poder meter á estrada, mas o caos está instalado. São 10 da manhã de segunda-feira e o pára-arranca é mais pára que arranca. Meto-me no carro ás 10 e meia, rumo ao jamor.

Chove torrencialmente e trago a mochila ás costas, por cima de uma gabardine preta. Guarda-chuva, não há. Desço as escadas para o campo 3 e, ao longe, vislumbro o autocarro benfiquista. À volta do campo já correm os jogadores. A assistir apenas 2 adeptos, como seria de esperar, num dia de tormenta nos céus e de treino na selecção.

Atrás da baliza estão os jornalistas, em animada cavaqueira. Um deles passa o tempo a gozar com Ricardo, rindo alto e bom som a cada piada que vomita sobre o guarda-redes do Sporting. Os 2 adeptos olham embevecidos. Falam com Shéu reverencialmente, e pedem-lhe o autógrafo de Nélson. Aquele diz-lhes para lho solicitarem directamente quando o treino acabar. Era tudo o que queria ouvir.

Findo o treino, posiciono-me para atacar, com um papel numa mão e uma caneta na outra. Vejo Beto, um dos meus alvos. Dirijo-me a ele, passo-lhe o papel e a caneta para as mãos, e quando vai começar a escrever o autógrafo digo-lhe ao que venho: queria saber a sua hora de nascimento, por favor, pois que sou Astrólogo e faço previsões e bla bla bla. O ar de espanto e desconfiança confundiram-se no seu olhar, mas mantive-me firme e sério. Não sabia bem, mas deu-me uma hora aproximada. Depois Anderson. O mesmo procedimento. Muito simpático, a classe que tem não se revela só a jogar. Deixou-me muito boa impressão. Finalmente, Léo. Não sabia a hora de nascimento. Ok.

Volto a casa. Confiro a agenda. Penso no que tenho a fazer esta semana. Clientes de astrologia. clientes de Advocacia. Tudo a atrapalhar o que me interessa, as análises astrológicas á conjuntura de jogadores e treinadores profissionais de futebol, que não me dão um tostão a ganhar. Há 5 anos que é a minha actividade principal, nos melhores tempos da minha vida. E se isto fôr “as good as it gets”? Bom. Muito bom.

2 Comments:

Blogger galvao99 said...

Alterei o titulo do post de "The best you can get" para "As good as it gets", pois que era isto que queria dizer. Bad english ;)
Alo grande Pipo :)
Abraços

3:17 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ontem passei o inicio da manha a ler 1dezena de posts (já aqui nao vinha ha algum tempo )....e escrevo agora :

keep working !!! :)


P.S. quer-me parecer q qq dia, tarde ou cedo , ainda hei-de ser 1 "cliente" teu ..ehehe



J

1:58 da tarde  

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