Os ultimos grãos de areia
A ampulheta de 2005 está quase vazia. Foge de nós a areia. Parece que foi ontem, mas não. O amanhã já é hoje, e o hoje foi ontem. Corre depressa o tempo moderno, para quem a expectativa de futuro substituiu o sentimento de presente. Não se sente pelo que se vive, antes pelo que as condições actuais permitiriam sentir-se, vivendo o amanhã já hoje.
Está diferente o mundo. O mundo dos que viveram os anos 80, da nostalgia depressiva do passado. Ou dos que mergulharam com speed(s) no presente, do "hoje é que conta e o amanhã que se foda", dos anos 70.
Mas está mais rico, porque mais consciente de si, o Portugal dos anos 2000. Das suas misérias, fraquezas e falências. No demais, adaptou-se aos tempos modernos, sentindo como seria se tivesse priveligiado o mérito, o trabalho e a ética. Como se esse fosse o seu passado recente, procura no espelho o futuro brilhante correspondente, que a consciência já impede de visualizar. O sonho acabou. Para o ano há mais.
Bom dia!
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