Os senhores e os outros
Em Janeiro de 2005, como é do conhecimento de muitos de vós, escrevi para o "Correio da manhã" uma previsão para o Sporting-Benfica da Superliga 2004/05. O tratamento que recebi foi tudo menos respeitoso, começando pelo seu director Octávio Ribeiro, que me ligou e exigiu, na altura, e com maus modos, que fizesse "cortes" no meu texto, rematando a faena com um "é a ultima oportunidade!". Dessa relação profissional só sobrou indiferença, oportunismo e ingratidão: o trabalho demonstrou ter uma qualidade acima da média, mas não se fez constar nessa edição do dito jornal, nem em outra qualquer, do URL do AstroCosmo, unica contrapartida que solicitei (e re-solicitei, por diversas ocasiões, e em tempo útil) pelo meu qualificado e competente oficio. Nem uma palavra de apreço, um agradecimento, um "nós gostámos" ou "não gostámos".
O ser humano, qualquer que ele seja, vive do sonho. Do mais realizável ao mais surreal, é o sonho que nos move, que nos faz acordar de manhã e mexer o rabo. O meu faz parte da categoria dos surreais: analisar astrológicamente conjunturas de profissionais de futebol.
Como uma criança que tem um segredo, desde há vários anos que procurava cochichar às massas esta minha descoberta inverosímel: é possivel antevêr lesões, transferências, produtividade e outros items relacionados com a ligação de atletas e treinadores com clubes de futebol. E ao fim de 3 anos de aturado estudo e pesquisa decidi tomar o passo de oferecer os meus serviços.
Primeiro redigi uma carta, e depois procurei moradas de revistas, jornais, televisões, clubes e agentes de futebol. Corria o ano de 2001, e tornava-se cada vez mais insustentável manter para mim aquele segredo. Tinha que o partilhar, e estas pessoas, quiçá, poderiam ajudar-me a abrir o canal de comunicação. Anos mais tarde descobri a blogosfera, e nela encontrei tudo aquilo de que necessitava para arrotar a minha posta de pescada.
Por diversas ocasiões enviei as minhas propostas para os mais variados orgãos de comunicação social e clubes de futebol. Debalde. Respostas, nem vê-las, mas isso não me impediu de continuar a cruzada, inpirado no obstinado protagonista bibliotecário dos "condenados de Shawshank".
Ao fim de alguns meses, e de muitos selos, envelopes e tinteiros de impressora, recebi, finalmente, as duas primeiras respostas. Uma, do Sport Lisboa e Benfica, assinada pelo punho de António Simões, dizia qualquer coisa como "agradecemos a sua oferta, mas ainda não estamos preparados para enquadrar a análise astrológica no nosso departamento de futebol." O tom irónico e jocoso, e com bastante graça, sublinhe-se, deu azo a muita e boa gargalhada, a mim e aos meus amigos mais próximos a quem mostrei a missiva da luz.
A outra vinha da Revista "Visão", assinada pelo seu director, que explicava ser a revista que dirigia uma revista mais virada para a reportagem do que para a opinião, sustentando ainda que os articulistas eram todos eles "residentes".
Não os incomodei mais, mas ficou um sabor adocicado de reconhecimento aos primeiros que, de modo respeitoso e concrecto, se dignaram a responder a uma ovelha tresmalhada e desconhecida. A assinatura era de Carlos Cáceres Monteiro, e o respeito que a sua morte fez vir ao de cima, das mais variadas personalidades ligadas ao jornalismo, não me surpreendeu. Há pequenas atenções que valem tudo. O legado que Cáceres Monteiro me deixa é esse: a prova viva, até na morte, do que temos de fazer para obtermos o respeito que procuramos. E respeito que não se confunde com medo, idolatria ou qualquer outra patologia moderno/social.
A diferença qualitativa abissal entre publicações como a "Visão" e o "Correio da manhã" só se explica pela diferença qualitativa entre as pessoas que as gerem, e os numeros das tiragens são aqui um factor irrelevante. Basta consultar quais os programas televisivos mais vistos em Portugal para se concluír que, em muitas das vezes, as audiências são inversamente proporcionais à qualidade apresentada. Para quem, vivendo em Portugal, prefere o mérito ao oportunismo e ao sentimento mais baixo, resta acreditar no milagre. A morte de Cáceres Monteiro foi um rude golpe para o exército da qualidade profissional e humana neste país à beira mar afundado.
4 Comments:
"as audiências são inversamente proporcionais à qualidade apresentada"
Assino em baixo!!!!
http://futebolacimadetudo.blogspot.com/
epha , fica já prometido :
Se nos astros estiver escrito que eu vou ser dirigente futebolistico ,contrato-te logo de seguida ...e em regime de exclusividade ;)
já agora , e vem a proposito , Que tipo de conselhos darias a alguem que é à partida completamente avessa a esses temas ??
tipo ,se um gajo chegar ao pé de ti e disser qq coisa do genero :
"Nao acredito nessas coisa." " é tudo treta ,nada faz sentido " blblabla...
e no entendo te pedisse um ou outro dado ( sites ,artigos , documentos etc ) sobre astrologia ...
cump
j
j, uma coisa deves ter em conta quando tratas de um assunto tão complexo como astrologia: começa por baixo e devagar.
Adquire um livro básico de introdução à astrologia, arranja um software astrologigo de qualidade (aqui aconselho-te o Janus 3.0, se quiseres ter logo um dos melhore programas do mundo; ou então não compres nenhum e usa o www.astro.com), e mãos à obra.
De livros, se quiseres podes ir já comprando o "Saturno" da Liz Green, um clássico que todos os estudantes de astrologia têm, assim como "Astrologia, Karma e transformaçao" e o "manual pratico de astrologia" (julgo que é assim que se chama, já foi há muitos anos que o li, e emprestei-o a alguem que não mo devolveu, mas já nao me recordo quem), ambos do Arroyo, e verdadeiras pérolas para iniciados, porque são livros tecnicamente de qualidade, com linguagem acessivel, e sem grandes desvarios espirituais (que foi algo que sempre me repeliu em alguns autores astrologicos: estarem a vender-nos uma religião quando so queremos aprender uma tecnica).
Depois dá tempo ao tempo.Só se estuda astrologia por paixão. Os que não a têm ficam, invariávelmente, pelo caminho.
Agora fizes.te me lembrar quando o Benfica era gerido por pessoas como o Antonio Simoes.. ai ai
Mas ao menos ainda teve o bom senso de responder
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