terça-feira, dezembro 21

Eu não pago

Este mundo é o mundo das ilusões. Dos Lobbies. Dos mitos. Dos opinion makers. Das campanhas de marketing.
A lei do mais forte permanece, hierarquicamente, no topo das leis universais. O ser humano, em momentos de lucidez, consegue perceber que não foge a essa regra.
Ronaldinho Gaúcho foi considerado melhor jogador do mundo em 2004. Não ganhou o campeonato. Nem nunca esteve em verdadeira posição de lutar por ele. Não ganhou nenhuma competição europeia. E nunca esteve perto de o conseguir. Marcou muito poucos golos, que não fossem grandes penalidades. Lesionou-se por diversas ocasiões, e nos jogos em que jogou não conseguiu manter um nivel elevado constante. Isto são factos.
No restante da sua carreira, ganhou o campeonato do mundo de seleções em 2002. Ao lado de Ronaldo, Rivaldo, Roberto Carlos... Em Paris não ganhou absolutamente nada. Ou seja: 2002/03 e 2003/04 foram épocas em branco de conquistas. Pior do que isso: nem lá perto andou.
Antes de partir para Barcelona Ronaldinho não era mais do que uma promessa. Diziam que, um dia, iria ser o melhor jogador do mundo. Concordo. Um dia ele vai merecer sê-lo. A partir 2006, as condições da sua conjuntura astrológica para o desempenho e produtividade futebolistica aumentam consideravelmente. Mas porque raio ganhou ele, então, o prémio de melhor jogador do mundo em 2004?
Deco é campeão europeu de clubes. É vice-campeão europeu de seleções. É o esteio do Barcelona, a equipa da moda na Europa. O jogador que ataca, defende, marca golos, faz carrinhos e assistências. Na opinião de muitos, o jogador responsável pelo salto qualitativo que o barcelona sofreu esta época, transformando uma equipa que jogava bonito mas sem consistência competitiva, numa equipa que joga espectacularmente e consegue ganhar. Que estranha coincidência esta: equipa onde Deco joga, ganha.
Henry espalha magia há 3 ou 4 épocas. É campeão da europa e do mundo de seleções. Por diversas vezes sagrou-se campeão de Inglaterra. É constante. Shevchenko tem um perfil identico, embora jogando em Itália, e troca o titulo de campeão do mundo de seleções pelo de campeão da europa de clubes.
Astrológicamente a marca da conjuntura de Ronaldinho é só uma: carisma a rodos! E muitas lesões e desilusões em potencial para o ano de 2005. Foi mistificado na terra dos galacticos e da imprensa mais influente da europa a nivel futebolistico, e que adora criar contos de fada. Mas, como aconteceu no caso de Raúl, que tambem foi alvo de uma campanha promocional galactica, falta consistência para que exista correspondencia entre aquilo que nos vendem e a realidade presente.
Ronaldinho é o exemplo de que mais vale caír em graça do que ser engraçado. É o tipo de jogador que, praticamente, nasceu em berço de ouro, futebolisticamente falando, ao passo que outros, como sucedeu a Figo, necessitaram de apostar na constância de rendimento para, ao fim de 3 ou 4 épocas, convencerem definitivamente o comum dos mortais. É a vez de Deco aprender essa lição.
O preço a pagar por ronaldinho, no próximo ano, será o mesmo que anda a pagar Raúl há vários meses: a imprensa criou a ilusão. O público comprou-a. E na hora de pagar, é o jogador que recebe a nota de débito.