segunda-feira, dezembro 27

A mentira da multidão

Dizem que é mais um que veio gozar uma reforma dourada, mas só tem 23 anos. Não jogou mais que 3 jogos a titular, mas exigem-lhe rendimento de quem tem ritmo competitivo. Chamam-lhe Michael Thomas, mas o seu nome é Paulo Almeida.
Chegou. Lesionou-se. Perdeu o "comboio" do restante grupo de trabalho. E as criticas da imprensa sucedem-se. Cada voz, sua boca cheia de impropérios e desconsiderações na direcção de um jogador que chegou a custo zero. Esta é a minha opinião pessoal íntima. Tripla, portanto. Minha. Pessoal. E intima...
A opinião astrológica é curta e grossa (dupla): Pinto da Costa nunca compraria o passe dele. Esta época... Esperaria pela próxima. Não que o seu rendimento não melhore durante os primeiros 6 meses de 2005. Mas a verdade é que ainda há muita lenha para o queimar.
Quando analisamos um jogador temos de ter em conta 3 tipos de conjunturas diferentes: curto, médio e longo prazo. A de curto prazo é de cerca de 6 meses. A de médio prazo é de uma época. A de longo prazo depende da duração total do contrato do jogador. É da minha experiência que Pinto da Costa se defende, sistemáticamente, de conjunturas negativas de médio prazo, correspondentes a determinado tipo de aspectos astrológicos. Com apenas uma excepção: grandes jogadores. Daqueles que são verdadeiros predestinados, e que, por isso mesmo, mais cedo ou mais tarde se sabe que vão dar rendimento. Deco foi o melhor exemplo: teve de ir busca-lo numa fase ainda dificil para o jogador, ou arriscava-se a perde-lo para sempre.
Paulo Almeida não é uma estrela. Insere-se na categoria de jogadores de nivel mediano, mas úteis, a quem Mourinho fez referência há dias. E um jogador deste género tem de estar sempre ao seu melhor para poder dar um contributo minimo á equipa. Esta época, até esta fase pelo menos, e como já foi visivel, esse não é o caso. A conjuntura média do jogador está pouco menos que caótica. Mas não a conjuntura de longo prazo, o pano de fundo da evolução futebolistica do jogador. O que significa que, quando esta conjuntura média se afastar, e á medida que a conjuntura de longo prazo se fôr aproximando, vamos ter jogador. As duas próximas épocas provarão isso mesmo, de forma cabal e inequivoca. Mas isso, eles nem sonham.
O grande problema do SLB é a sua instabilidade directiva. Se o jogador não rende na primeira época vai recambiado. Não será normal que alguns jogadores demorem mais a adaptar-se que outros? Não será normal que um jogador tenha uma época abaixo das suas capacidades? E não é função de uma direcção defender um jogador em quem se acreditou, o suficiente para o trazer para o clube, das criticas da multidão sedenta de vingança de traumas passados?
Sim. Mas isso era o que aconteceria lá para os lados da inbicta. Paulo Almeida não "caíria". E na próxima época estava cá, a proporcionar rendimento desportivo á equipa de futebol e valorização de um activo á SAD. Em vez de ser dispensado para um qualquer clube que lhe chamaria, não um Figo mas, pelo menos, uma maçã reineta sem bicho. Mas isso, eles não sabem nem sonham.