Considerações póstumas
1. Se algum factor planetário acabou por ser decisivo para o jogo de ontem, a conjuntura de Fernando Santos foi esse factor. O que surpreende, pela negativa, e por que não o esperava, é o desempenho abúlico de Paulo Bento. Já dei umas voltas pelo mapa do treinador Sportnguista em busca de posicionamentos justificadores de tanto tiro na cabeça, mas até agora continuo às cegas.
2. Liedson, Nani e Bueno eram os jogadores do Sporting mais "marcados" negativamente por uma conjuntura de médio prazo. Que Liedson tivesse jogado não foi surpresa, pois as alternativas eram escassas. Que Nani tivesse jogado, apesar de se exibir vergonhosamente há muitas semanas a esta parte, era expectavel pelas noticias que a comunicação social foi veiculando nos dia anteriores à contenda. Parece que o beneficio da dúvida nunca mais acaba para o ex-junior. Mas que Bueno fosse titular, tivesse um desempenho mediocre (por todos esperado) na 1ªparte e, com a equipa a perder por 2-0, se mantivesse em campo para o 2º tempo, isso justifica um apedrejamento a Paulo Bento (com tomates podres, vá).
3. As análises póstumas ao Sporting-Benfica variam de tom, e algumas contradizem-se espectacularmente na análise ao desempenho individual de alguns jogadores. Por exemplo, o " Jogo" avalia negativamente o desempenho de Romagnoli e positivamente o de Bueno, ao passo que "A Bola" e o "Record" dão nota mais a Romagnoli e nota menos a Bueno. Este tipo de discrepância é impressionante, sobretudo porque nunca ninguem me explicou em que é que consiste o desempenho negativo de Romagnoli. Não é um Deco, capaz de segurar o meio campo, defender e atacar com a mesma eficiência, mas o Argentino é um jogador refinado que, no escasso espaço concedido por equipas que defendem com 10 jogadores atrás da linha da bola, é capaz de fazer o carrocel sem perder a posse do esférico. Nani, por exemplo, perdeu, infantilmente, algumas 50 posses de bola, mas parece que ninguem atribui importância a esse facto. Bueno não foi capaz de fazer um desiquilibrio ou de decidir nas ocasiões de golo que lhe caíram do céu. Porquê a aposta inicial? Porquê a insistência para o 2º tempo?
4. Vamos a factos. O melhor período do Sporting mediou entre o 1º golo do Benfica, aos 2 minutos de jogos, e o 2º golo do Benfica, a acabar a 2ª parte. Portanto, digamos que o melhor Sporting, apesar de Bueno, Liedson e Nani estarem em campo, actuou no 1º período. As substituíções para a 2ª parte são catastróficas não por causa de quem entrou, mas devido a quem saiu e a quem, não saindo, deveria ter saído. As saídas de Romagnoli e Custódio desiquilibraram definitivamente o meio-campo do Sporting, e a manutenção de Bueno e nani em campo (faltam mesmo soluções a Liedson, caso contrário era um claro candidato à saída) impediram que se começasse a cortar o mal pela raíz.
5. As melhorias deste Sporting não tardarão a acontecer, mas este resultado é um rude golpe nas esperanças leoninas. Se se conseguem resultados destes em fases boas, o que se deve esperar das fases menos boas?
6. Do Benfica não esperava tanto, sobretudo da parte de Nélson (há sempre qualquer coisa que falha na análise ao mapa do negrinho da luz). No resto, de destacar os fantásticos contra-ataques, mortíferos na maioria deles, numa demonstração de eficiência absolutamente letal.
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