quinta-feira, novembro 10

Domenech, Pires, profissionalismo e inter-disciplinaridade

Foi um pouco ao acaso que descobri esta estória. Fazia a habitual ronda por blogs desportivos quando dou de caras com um post no http://boladevento.blogspot.com/ que fazia referência a um selecionador (Francês) que usa a Astrologia como instrumento de escolha de jogadores. Abrigando-se nela, Domenech jusitifcou a não seleção de Robert Pires, por o selecionador achar que mais do que um jogador por equipa com o signo de escorpião é "mau" para qualquer conjunto.

Ora, uma busca mais aturada da noticia revelou-me que Domenech é um praticante de Astrologia já desde há alguns anos e que, por palavras suas, não se baseia só na Astrologia para escolher jogadores, antes a utiliza como mais um método de despistagem final, depois da análise técnico-futebolistica ter sido realizada. Este é um conceito muito dificil de impôr, mas é tambem o meu ponto de vista relativamente á utilização astrológica de dados de nascimento. Antes de tudo, e mais do que tudo, a escolha de jogadores é feita por quem percebe de futebol, e através de requisitos futebolisticos. Só a partir daí se passa a analisar, usando os mais variados instrumentos, toda a restante realidade do jogador, seja através de testes psicológicos, hábitos de vida regrados, ou nem por isso, potencial de adaptação do jogador á realidade em que terá de se inserir, e por aí fora.

Um dos aspectos que mais assusta as pessoas quando se fala de Astros e planetas é, para alem da ignorância e preconceito, a natureza que muitos astrologos dão dela, enquanto método totalitário e auto-suficiente. Qualquer actividade profissional nos dias que correm não poderá, jamais, sobreviver, sem conseguir munir-se das mais variadas áreas e técnicas ao seu dispôr, e procurar usá-las com uma sincronicidade eficiente só possivel quando se possa colocar em perspectiva o lugar de cada uma no processo decisório final. Não há Deuses na Astrologia profissional. Só Homens de carne e osso, com conhecimentos teóricos e experiência prática alargada.

Relativamente á frase de Domenech, estou longe de concordar ela, enquanto profissional especializado da área em questão. É bem verdade que a minha especialidade passa mais pela análise conjuntural do jogador, mais do que na análise estrutural do mesmo, mas 11 anos de Astrologia, mais 7 desta "brincadeira" futebolistica não caem em saco roto. Há milhentos exemplos de equipas com mais do que um jogador com o signo solar Escorpião. E mais do que isso. Aquilo a que ele chama de natureza Escorpiónica está presente em muitos futebolistas cujo signo solar não é Escorpião.

Essa natureza pode provir de outros aspectos astrológicos, como por exemplo um Plutão com muitos aspectos importantes a planetas como o Sol ou Marte, ou através do posicionamento, por exemplo, de um Marte em Escorpião, só para dar os exemplos mais básicos. Um caso, para quem tem conhecimentos minimos de Astrologia: qual é o signo solar de Ricardo Sá Pinto? Não. Não é Escorpião. É o pacato e harmonioso Balança. E qual o signo do Marte de Sá Pinto? Não. Não é Escorpião. É o simpático e harmonioso Balança. A natureza Escorpiónica de Sá Pinto vem de uma conjunção apertada de Marte a Plutão, e de uma Lua posicionada em Escorpião. Se Domenech sabe de Astrologia, de certeza que isto não lhe passa ao lado. Então, por que invocou esta teoria?

Das duas, três. Ou não sabe nada de Astrologia. Ou sabe, e usou a Astrologia estrutural como desculpa. Ou então, a questão não é da análise estrutural, e sim da análise conjuntural, e Domenech não o quis confessar. Se fôr este o caso, e mais uma vez, não posso concordar com Domenech. É que, apesar de de Março a Maio Pires ter um aspectozito manhoso, e de inclusive ter indicações de poder saír do Arsenal no fim desta temporada ou durante a temporada 2006/07, não se pode dizer que a sua conjuntura, nomeadamente para o o período do campeonato do mundo, esteja tão má ao ponto de não ser convocado por causa disso.

A questão do profissionalismo da Astrologia deve, por isso, ser encarada com muita seriedade. Fazer astrologia é muito dificil para quem tem experiência ás carradas e ritmo competitivo, só possivel de alcançar através de muitas horas de trabalho diário. Deixem-me repetir. MUITO dificil. Quanto mais para quem faz dela um hobbie furtivo, pondo-se a jeito para cometer mais erros do que aqueles que está preparado para cometer.

por outro lado, noticias deste género devem consciencializar as pessoas de que a Astrologia é um método cada vez mais vivo e utilizado no mundo globalizado, mas que continua escondido pelo preconceito de uma Sociedade amorfa e que crê mais nas bojardas que passam na comunicação social que em profissionais sérios e dedicados. Durante anos e anos as habituais colunas de Astrologia dos jornais foram escritas por jornalistas sem qualquer habilitação para o fazer, que se limitavam a inventar e a gozar com a situação. Sim, a Imprensa é responsável. Sim, há muito Astrológo da banhada. Sim, é dificil acreditar na Astrologia. Há 11 anos que acordo desconfiado dela, e a cada dia que passa "só" lhe exijo que se me prove sem margem para dúvidas. E ela prova-se-me, mas antes dá-me muito trabalho. Roger that?

P.S: a questão ética ligada com a escolha de profissionais devido a posicionamentos planetários merece um artigo próprio, que exige mais tempo do que aquele de que disponho neste momento, mas a sua importância é indiscutivel, premente e, sem dúvida, trata-se de um assunto altamente controverso.

1 Comments:

Blogger galvao99 said...

ahahah. Tem de ser. Não é que não tenham contratado bons jogadores (não todos, mas alguns). Mas dispensar o Roger não me entra na cabeça. É daquelas decisões que ainda vai dar que falar nos proximos anos.

Abraço :)

12:51 da tarde  

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