“No mesmo caminho caminharemos, no caminho nos encontraremos”
A semana que passou proporcionou-me um desses episódios, como acontece amiúde de forma repentina, quando me dei conta de que Artur Jorge e José Mourinho partilham do mesmo signo solar. E veio a propósito do posicionamento do Júpiter natal de Pinto da Costa, que se encontra, tambem, em terras aquarianas, tal como os sóis dos dois únicos treinadores campeões da Europa de futebol pelo FCP.
Júpiter associa-se a termos como sorte, intuíção e expansão, em terminologia astrológica, e este raciocinio básico levar-nos-ia a concluír que a sorte de PC se encontra na energia fundamental (o Sol) de Mourinho e Jorge. Trivial pensamento este, fácil de encontrar em qualquer análise astral de vão de escada.
Ainda a usufruir de uma gargalhada abafada, com a qual me viria a engasgar, assalta-me a ideia de localizar outros pontos de contacto entre os mapas astrais dos dois treinadores, por tão inverosimil que tal pudesse ser. E o castelo veio abaixo! Tão diferentes personalidades e medidas de aproximação aos media e jogadores, mas padrões interiores extremamente similares no campo emocional, carisma e na necessidade de preenchimento egocêntrico. E o enorme controle emocional, o maior ponto de contacto entre ambos, reflectida na aprendizagem, já efectuada por esta altura das suas vidas, de que o apoio emocional terá, sempre, de vir de dentro deles.
Já todos sabemos da história, e das estórias, da vida profissional de Artur Jorge. Atingiu o pico de carreira no final dos anos oitenta, e de aí para cá não mais conseguiu atingi-lo novamente. Não foram precisos muitos anos para passar de vencedor nato a perdedor acabrunhado, a quem a expressão "è perfeitamente normal" consagrou como alguem que conhece o sabor da desilusão e da queda do ego, e a isso se resignou. As derrotas, posteriores à consagração, constituíram o simbolo da importância de dominar o ego e relativizar a sua relevância na estrutura total.
Mourinho arrisca-se a um caminho parecido. Encontra-se, neste momento, a construír a faceta carismática capaz de, mais tarde (è um processo que pode começar a ter visibilidade mais clara a partir da próxima época desportiva), o fazer caír da escada das expectativas megalómanas que criou. Encontra-se no limiar do cume da sua vida profissional e, como bom Aquário que é, com qualidades visionárias acima da média, tem a noção, consubstanciada em recentes afirmações produzidas pelo próprio, de que o sucesso não será eterno. Prepara a descida, sem querer abdicar do egoísmo de que "já sabia que isso iria acontecer". O controle sempre em acção.
Artur Jorge foi para Àfrica, treinar a seleção dos Camarões. Nos Blogs de futebol que frequento e consulto, o tom geral dos comentários vai no sentido de outra desilusão para Rei artur. A análise ao seu mapa astrológico traz, no entanto, algumas interessantes indicações para esta nova caminhada: popularidade, alegria e bons resultados. O que deixa no ar a hipótese de conseguir o tão almejado apuramento para o mundial de 2006, apesar do posicionamento complicado em que a seleção se encontra na classificação do respectivo grupo de qualificação. Os aspectos astrológicos em causa fazem-me lembrar aqueles que tinha à data da conquista da taça dos campeões Europeus, em 87, o que, desde logo, constitui uma boa nova. Mas não há momentos repetidos na vida e, de entre as dezenas de aspectos astrológicos activos num determinado momento, só alguns se repetirão, ao mesmo tempo, num futuro próximo. È o caso, quando comparo a sua conjuntura de 87 com a actual.
A inconstância, mutabilidade e criatividade inteligente da vida demarca, sem qualquer margem para dúvidas, e bem espelhada nestes dois casos, a diferença entre o ser e o vir a ser, entre o status quo e a imensidão de possibilidades com vista à sua destruíção que o futuro oferece e guarda. Para que possamos, todos os que partilhamos dos mesmos potenciais, conhecer e explorar ao máximo uma face da moeda e o seu reverso. E até já consigo ouvir o experiente Artur Jorge dizer para Mourinho: “No mesmo caminho caminharemos, no caminho nos encontraremos.”